quarta-feira, 17 de março de 2010

Russian Circles e Black Bombaim - Plano B - Review


Foto: Jorge Silva

Antevia-se uma noite de satisfação para os amantes destas coisas do pós-rock mais agressivo. As portas acabaram por abrir sensivelmente à hora marcada, sendo que a tradicional espera apenas se deveu ao escoamento de toda uma massa humana que entretanto se tinha concentrado à entrada.

A primeira banda da noite, surpresa para uns, confirmação de boato para outros, foram os Black Bombaim. Detentores de uma sonoridade que funde o stoner rock com alguns toques experimentais de psicadelismo mostraram que são uma banda em ascensão, contudo, ainda com algumas arestas para limar. O excesso de repetição de algumas das suas pontes musicais corre o risco de se tornar demasiadamente monótona em prestações ao vivo para alguns. À parte disso, valeu a atitude e a descarga sonora que entornaram literalmente sobre a audiência e a prova disso foram os aplausos arrancados ao longo de toda a sua actuação.

Pela segunda vez em terras lusas, desta vez com o seu novo registo "Geneva" na algibeira, os Russian Circles subiram a palco logo de seguida para agrado de uma plateia que enchia por completo a estreita sala do Plano B. Magistrais desde o primeiro acorde, é de salientar a impressionante prestação na seccção rítmica de Dave Turncrantz que ao vivo consegue tornar os temas deste trio ainda mais palpáveis tamanha é a sua entrega. Na guitarra, Mike Sullivan demonstra com precisão o porquê de, para muita gente, serem considerados uma das bandas mais proeminentes e inovadoras do género, recriando na perfeição os cenários e ambientes captados em estúdio. Do mesmo modo, no baixo, Brian Cook completa a peça última desde puzzle debitando solenemente as suas notas ora mais texturadas ora mais cruas. Assim embarcamos nessa viagem por temas mais recentes e mais antigos: Harper Lewis, Malko, Hexed All, Death Rides A Horse, Philos, Youngblood, Geneva, Carpe, Station até nada soar mais do que uma derradeira trovoada de aplausos.

Foi bastante. Mas para quem gosta, já se sabe. Sabe sempre a pouco e ficasse a sonhar com a próxima vez.


quinta-feira, 11 de março de 2010

Sugestão para amanhã



Eternal Tango, Hills Have Eyes e Solid

Local: V5 Rua dos Mártires da Liberdade, n.º216/218 4050-359 Porto

Mais um belo bailarico à maneira da Invicta... não faltem.

Para a semana temos isto:

segunda-feira, 8 de março de 2010

Quem não gostava de ter estado lá...

MOONSPELL - Sin/Pecado



Provavelmente um dos álbuns mais inspirados da banda, Sin/Pecado é diferente. Talvez não tão diferente quanto o seu sucessor "The Butterfly Effect" por não conter exactamente esse excesso de experimentalismo mas absolutamente hipnotizante na composição melódica dos temas que o compõem. Longe desta fase de uma certa ataraxia criativa, principalmente após o genial "Antidote", Sin é um álbum que revisito frequentemente com agrado, desde que a sintonia entre a sua música e o espírito seja exacta.


Sin/Pecado



1.Slow Down!
2.HandMadeGod
3.2econd Skin
4.Abysmo
5.Flesh
6.Magdalene
7.V.C. (Gloria Domini)
8.EuroticA
9.Mute
10.Dekadance
11.Let the Children Cum to Me...
12.The Hanged Man
13.13!

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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Things to remember #2

"What came and distorted your sight
Saw you benighted by your fright"

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

THE MIRE - Volume: I


Seria impossível escrever este post sem relembrar aquela noite inesquecível de 2007 na Fábrica do Som... quando os já infelizmente extintos Bossk deliciaram todos os presentes com uma experiência sonora absolutamente arrebatadora. Vale a pena recordá-la aqui.

Agora que reavivo a memória dessa noite, recordo-me de uma figura trajada completamente de preto, de postura sobresselente perante a plateia que se acumulava naquele pequeno espaço (cabeça inclinada para trás, olhos fechados, o baixo, igualmente preto, nas mãos e aquela coisa que se fuma presa nos lábios…xD). O nome desse senhor? Nada mais nada menos que T. Begley, o denominador comum entre estas duas bandas distintas em abordagem auditiva mas não em qualidade.

The Mire é o seu mais recente embrião renascido dessas cinzas. Um projecto musical regido por linhas mais progressivas e menos ambientais e experimentais. Coisas distintas, portanto, que não nos fazem esperar um trabalho de continuidade. Com mais sludge, distorção q.b. e menos delays trabalhados em camadas, estes The Mire, no seu primeiro registo disponibilizado gratuitamente pela editora Eye Of Sound em formato de demo, deixam-nos com duas faixas apenas a salivar por um longa-duração.

Outra mudança significativa apresenta-se a nível de formato musical quanto à duração dos temas, mais directos e incisivos. Se em “Wheelwalker”, tema de abertura, é a presença da voz gutural o que eleva o trabalho estruturalmente mais simples das guitarras, criando contrastes bem conseguidos e geridos em momentos de explosão e ataraxia (comuns ao próprio estilo), em “Fears”, os instantes mais harmoniosos deixam de ser entendidos como segundo plano e a dicotomia vocal melodia/agressividade sobressai, beneficiando o tema, e transformando-o em algo mais “orelhudo” e agradável especialmente a fãs de uns Devil Sold His Soul, por exemplo.

A não perder de ouvido nos próximos tempos!




Volume: I

01 Wheelwalker
02 Fears

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domingo, 6 de dezembro de 2009

ARCTIC PLATEAU - “On A Sad Sunny Day”


Uma das maiores surpresas do ano no que toca a sonoridades de cariz mais etéreo foi este “On A Sad Sunny Day” dos Arctic Plateau, um projecto cuja existência se deve somente à manifestação do alter-ego do italiano Gianluca Divirgilio, como ele próprio procura explicar no myspace da sua banda.

Um trabalho extremamente atmosférico que parte da confluência de alguns elementos post-rock com outros mais shoegaze criando ambientes densos de uma certa amargura mas equilibrados na sua medida, como se esta fosse algo latente a estes temas. Melancólicos, sim. Mas igualmente sinceros e emotivos. Ao escutá-lo podemos facilmente evocar “outras paisagens” desde Anathema, passando por Destroyalldreamers, até Alcest e Klimt1918. Contudo, o certo é que se este longa duração facilmente agradará a qualquer fã do género, a sua maior vantagem está na sua capacidade de, do mesmo modo, conseguir cativar outros ouvintes non-habitué destas andanças.

Este é mais um nome que prova a qualidade musical que paira sobre aquelas paragens e a ter em conta no futuro. Recomendado a todos aqueles que apreciam música para sonhar.




01 Alive 3:13
02 On a Sunny Day 7:55
03 Lepanto 4:31
04 Ivory 5:53
05 In Epica Memories 4:03
06 Amethyst to #F 6:59
07 Iceberg Shoegaze 4:47
08 Coldream 7:07
09 Eight Years Old 3:09
10 Aurora in Rome 4:05
11 In Time 21:06

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"So Be It"... Farewell

Poderia ter sido assim:



Por duas vezes estiveram perto de vir a Portugal. É uma pena que agora já não venham mais.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Things to remember #1


"I got wiring loose inside my head
I got books that I never ever read
I got secrets in my garden shed
I got a scar where all my urges bled
I got people underneath my bed
I got a place where all my dreams are dead"

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Palavras para quê?








Créditos: andicanseeyou 

Isis, Circle e Keelhaul - Teatro Sá da Bandeira - Review



Na passada noite de dia 29 de Novembro, o Teatro Sá da Bandeira, no Porto, voltou a ser palco de mais um espectáculo com o selo Prime Artists/Amplificasom. Desta vez, as duas promotoras uniram-se para trazer pela primeira vez a Portugal os norte-americanos Isis, considerados ao longo da última década um dos colectivos mais "vanguardistas, inventivos e influentes no universo da música pesada". A primeira parte ficou a cargo dos filandeses Circle e dos norte-americanos Keelhaul.

Com um atraso de cerca de uma 1 hora na abertura de portas por motivos alheios à organização e promotoras do evento foi por volta das 21:30 que os Keelhaul subiram ao palco para dar iníco a mais uma grande noite. Durante cerca de 30 minutos descarregaram o seu sludge e apresentaram-se agressivos e com uma boa presença em palco. 5 anos após a sua última tour vieram apresentar o seu novo registo intitulado "Triumphant Return To Obscurity". "Pass the Lampshade" e "Glorious Car Activities" foram alguns dos temas ouvidos e que arrancaram aplausos da plateia.

Os finlandeses Circle foram a segunda banda a subir ao palco e se por um lado os Keelhaul tinham feito um bom aquecimento para o grande concerto que se avizinhava, estes senhores fizeram precisamente o contrário. A começar pela apresentação bastante excêntrica do vocalista, passando pelas suas "danças" igualmente extravagantes, que arrancavam cada vez mais gargalhadas dos presentes, e terminando na sonoridade da banda totalmente deslocada do resto do cartaz, uma mistura de rock experimental com toques de punk á mistura, não foram capazes de agarrar plateia deixando muito a desejar. Deste modo, os Circle vieram quebrar o ambiente que os Keelhaul tinham iniciado e que seria perfeito para dar início ao concerto dos Isis. Seria essa a ideia dos Isis quando convidaram os Circle para abrir os seus concertos durante a tour?

Mas o ambiente rapidamente tomaria a maré inicial, pois pelas 23:15 eis o momento mais aguardado da noite. Os norte-americanos Isis subiram ao palco do Sá da Bandeira e estava tudo pronto para dar início a um grande espectáculo. "Hall of the Dead", primeira faixa do recente registo "Wavering Radiant", foi o primeiro tema a ser interpretado e basta a primeira nota soar para toda a tensão acumulada no nosso corpo ser libertada, sendo este seguidamente invadido de vibrações que o trespassam como se de uma explosão nuclear se tratasse. "Stone to Wake a Serpent" foi o tema que se seguiu e se após "Hall of the Dead" havia dúvidas acerca do resultado das músicas do "Wavering Radiant" ao vivo, essas dúvidas caíram por terra. Num regresso ao registo de 2006, "In The Absence of Truth", "Dulcinea" fez-se ecoar pelo recinto fazendo as delícias de uma plateia em total êxtase. Voltando ao registo presente "20 minutes / 40 years" e "Ghost Key" foram as músicas que se seguiram. Tratando-se de uma Tour de apresentação do mais recente registo "Wavering Radiant" é compreensível que apenas dois temas deste registo tenham ficado de fora. "Blacklit" e "Threshold of Transformation" fizeram-se ouvir antes de Aaron Turner agradecer á insaciável plateia e a banda abandonar o palco. Os Isis voltavam poucos minutos depois para o encore após fortes aplausos. "Carry" e "Altered Course" foram os temas que encerraram uma grandiosa actuação que ficará para sempre na memória dos presentes.

Foto: Jorge Santos, mais fotos aqui 
Review e fotos em: ImagemdoSom